
Acontece que eles não ficaram no idealismo, foram lá e fizeram do jeito deles. “Eles” eram Marcel Duchamp, Salvador Dali, Joan Miró e até Frida Kahlo, e esse “chacoalhão” que eles quiseram dar na galera através da sua arte ficou conhecido como surrealismo – tá bom pra você? E aí que nessa de ‘fugir da normalidade’, eles curtiam bem mostrar o corpo humano em pedaços e não bonitinho, inteirinho. E misturavam sombras e figuras nada a ver e nuvens e o que mais pudesse remeter a sonho, a fantasia, a não-realidade, ao não-conformismo. Tinha um fotógrafo nesse grupo de jovens artistas, chamado Man Ray, e ele curtia bocas: tinha contraste nas fotografias dele de modo a ressaltar lábios, tinha repetição desse padrão, tinha colagem com lábios gigantes e mais.

A gente não tem notícia do que aconteceu entre os anos 20 e a década de 90 em relação à bocas na moda – mas em 1999 a Prada fez uma coleção com estampa de boquinhas que já tinha uma vibração surrealista: em saias plissadas (quase austeras) as boquinhas inevitavelmente faziam sorrir. Desde então teve boquinhas no YSL, no McQueen, na Lulu Guinness, no Louboutin, no Marc Jacobs e até na H&M! Mais pertinho da gente (e mais ‘agora’) o Reinaldo Lourenço também desfilou sua versão de estampa de lábios – que provavelmente vai render umas camisetinhas fofas (e compráveis!!!) nas araras das lojas. Na sequência essa estilista Holly Fulton também mostrou boquinhas em seu desfile na semana de moda de Londres.

Talvez essa seja uma boa hora pra não se conformar só com listras, xadrezes e florais nos looks que a gente coordenar. Talvez a gente possa extrapolar o “normal” de todo dia e abraçar diferenças nessa idéia – a de que mudar de direção pode render outros caminhos legais, chacoalhar tudo em volta, pro bem!
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